O Brasil registrou uma expressiva queda nas queimadas nos seis primeiros meses de 2025, especialmente nos biomas Pantanal e Cerrado. Dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima apontam uma redução de 65,8% nas áreas queimadas em todo o país em comparação com o mesmo período do ano anterior. O número de focos de calor também apresentou retração: 46,4% a menos.
A melhora é especialmente significativa no Pantanal, que sofreu em 2024 com um dos piores surtos de incêndios desde que se iniciaram os registros. Neste ano, o bioma teve uma queda de 97,8% na área atingida pelo fogo e de 97,6% nos focos ativos. Já o Cerrado, outro ecossistema historicamente vulnerável às queimadas, apresentou recuo de 47% na extensão queimada e 33,1% na quantidade de focos de calor.
Segundo especialistas ouvidos por universidades e órgãos ambientais, a mudança decorre de uma combinação de fatores. Em primeiro lugar, a mobilização antecipada das brigadas federais e estaduais, aliada a investimentos em monitoramento por satélite e campanhas de prevenção, permitiu respostas mais ágeis e eficazes. A articulação entre o governo federal e estados com áreas críticas também foi apontada como determinante para a reversão do cenário.
Além disso, o comportamento climático no primeiro semestre de 2025 contribuiu para conter o avanço das chamas. Chuvas mais frequentes em regiões sensíveis e temperaturas ligeiramente mais amenas, em contraste com a estiagem severa de 2024, diminuíram a propagação natural dos focos de fogo.
Ainda assim, o cenário inspira cautela. O segundo semestre, historicamente mais seco, representa risco elevado para novos surtos de incêndio. O governo federal afirmou que manterá a mobilização de recursos e ações coordenadas, com foco especial no monitoramento de áreas com “cicatrizes do fogo” – como são chamadas regiões degradadas por queimadas anteriores e propensas a novos incêndios.
O Ministério do Meio Ambiente considera os resultados do primeiro semestre promissores, mas reforça que a recuperação ambiental de áreas atingidas ainda levará tempo. A continuidade das políticas públicas de prevenção e a articulação com comunidades locais e povos tradicionais são vistas como fundamentais para que a tendência de redução seja consolidada nos próximos anos.