Após quase uma semana de intensas mobilizações que incluíram bloqueios de rodovias e ocupações de prédios públicos, os movimentos sociais em prol da reforma agrária em Mato Grosso do Sul (MS) encerraram suas ações na quinta-feira (1º de maio). A decisão veio após um acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), mediado por parlamentares sul-mato-grossenses.
Os protestos, que fizeram parte do "Abril Vermelho", uma mobilização nacional pela reforma agrária, começaram no dia 26 de abril. As ações incluíram bloqueios em rodovias importantes do estado, como a BR-060, próximo a Sidrolândia, e a MS-164, perto do assentamento Itamarati em Ponta Porã. Um bloqueio significativo na BR-163 em Campo Grande, organizado por movimentos como o MST, MCLRA e UGT, também interrompeu o trânsito.
A interrupção dos protestos ocorreu após o compromisso do MDA e do INCRA em realizar uma reunião em Brasília, ainda em maio, com a presença do ministro Paulo Teixeira e o presidente do INCRA, Cesar Aldrighi. Os manifestantes também solicitaram a presença de outros ministros, como Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda).
O INCRA divulgou nota afirmando que as medidas governamentais até então implementadas são insuficientes para atender as demandas urgentes dos trabalhadores rurais sem terra. As principais reivindicações dos movimentos incluem a efetivação, ampliação e aceleração da reforma agrária em MS, uma mesa de diálogo com ministros, maior orçamento para aquisição de terras e crédito para a estruturação dos assentamentos existentes. Líderes denunciaram o abandono de milhares de famílias que vivem em acampamentos há mais de 15 anos, sem acesso à terra, moradia digna, crédito e assistência técnica.
As ações foram coordenadas pela Frente Unitária Agrária, que abrange organizações de diversas regiões do estado. Durante as mobilizações, os grupos também protocolaram ofícios em órgãos estaduais, como a Sema, Seaf e Empaer, sem obter resposta até o momento. A manifestação também criticou o crescimento do agronegócio, a grilagem de terras e o aumento da violência no campo, reforçando a necessidade de priorizar a reforma agrária.