Economia

Alta de 57% em Recuperações Judiciais: Agronegócio em Crise no Mato Grosso do Sul

Em 2024, o setor agrícola liderou os pedidos de recuperação judicial, com destaque para o cultivo de soja.

12 MAI 2025 • POR Da redação • 13h00

O estado de Mato Grosso do Sul registrou um aumento alarmante de 57,1% no número de empresas em recuperação judicial em um ano. De acordo com o Monitor de Recuperações Judiciais da RGF Associados, o primeiro trimestre de 2024 contabilizou 28 casos, enquanto em 2025 esse número saltou para 44. O setor que mais contribuiu para esse cenário preocupante foi o agronegócio, com o cultivo de soja liderando os pedidos, somando sete casos de um total de 454 empresas. 

Outros setores também foram afetados, incluindo transporte rodoviário de cargas (5 casos), criação de bovinos (3), comércio atacadista de medicamentos (3), e vários outros com dois processos cada, tais como: fabricação de laticínios, confecção de peças de vestuário, comércio atacadista de cereais e leguminosas, e supermercados.  Ainda constam na lista: frigoríficos, açougues, serviços de preparação de terreno, cultivo e colheita, fabricação de álcool, produção de adubos e fertilizantes, comércio atacadista de carnes, pescados e defensivos agrícolas. 

Do universo de 32.023 empresas analisadas no estudo, apenas 44 se encontram em recuperação judicial em Mato Grosso do Sul, resultando em um índice de 1,37%.

Aumento expressivo nos custos de produção, principalmente de fertilizantes e defensivos agrícolas, somados a eventos climáticos adversos como secas prolongadas que afetaram a produtividade, são apontados como os principais fatores contribuintes para esse cenário.  O advogado Thiago Amorim, presidente da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS, destaca que a recuperação judicial, apesar de ser vista como sinônimo de falência, é na verdade um instrumento para reorganizar as dívidas e preservar as atividades econômicas.

Amorim ressalta ainda que a crescente utilização desse recurso demonstra uma maior compreensão por parte dos produtores sobre a sua real função. Ele enfatiza que não se trata de uma estratégia para enriquecimento, mas sim uma medida extrema para garantir a continuidade produtiva.