Em uma trajetória profissional que desafia as convenções, Guilherme Cunha, com formação em Ciências Políticas e mestrado em Administração Pública, migrou para o universo da Inteligência Artificial em um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo. Há mais de quatro anos na instituição, Cunha identificou uma lacuna crucial: a inaptidão das ferramentas comerciais de IA, como o GPT, para atender aos rigorosos padrões de transparência, rastreabilidade e confiabilidade exigidos em pesquisas institucionais de alta qualidade.
Diante desse cenário, Guilherme assumiu o desafio de desenvolver uma solução de IA que não apenas acelerasse os processos de pesquisa, mas também garantisse a integridade técnica das análises. O que começou como um experimento transformou-se em um dos projetos mais inovadores da organização: um pipeline de IA capaz de gerar estudos complexos com uma confiabilidade superior às tecnologias de mercado mais avançadas.
O sistema criado por Cunha baseia-se na arquitetura RAG (Retrieval Augmented Generation), amplamente empregada na área de IA. No entanto, sua inovação reside na adição de dois módulos inéditos, desenvolvidos do zero, focados na auditoria e correção automática das citações e afirmações produzidas pelo modelo. Essa capacidade permite ao sistema processar centenas de documentos originais – incluindo artigos, relatórios e livros –, gerar pesquisas robustas e, crucialmente, verificar, rotular e corrigir cada citação, comparando-a com o texto-fonte para eliminar imprecisões e “alucinações” comuns em modelos generativos.
Os resultados são impressionantes. Em testes comparativos com ferramentas como Deep Research (GPT) e Elicit, o pipeline de Guilherme alcançou mais de 90% de acurácia, superando significativamente a faixa de 70% a 80% das demais. Em apenas um ano, Cunha não só liderou o desenvolvimento, como se tornou proficiente em programação, utilizando modelos de IA como sua própria ferramenta de aprendizado intensivo.
Este projeto, que será formalmente apresentado ao banco após mais de um ano de trabalho contínuo, representa a convergência singular entre competência analítica, rigor metodológico e uma notável capacidade de adaptação a tecnologias emergentes. Guilherme Cunha vislumbra o futuro, planeja o desenvolvimento de uma versão customizada deste pipeline para o setor privado, com foco em 'regulatory intelligence', para auxiliar empresas na interpretação precisa e ágil de documentos regulatórios complexos. Sua jornada é um testemunho de que a tecnologia e o rigor podem, de fato, coexistir, especialmente em um momento em que a qualidade da informação gerada por IA é um tema de debate global.







