Mato Grosso do Sul se prepara para colher os frutos de sua segunda maior safra de soja da história, segundo projeções do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS). A produção deve alcançar 14,6 milhões de toneladas da oleaginosa, um número inferior apenas à safra recorde de 2022/2023, que atingiu 15 milhões de toneladas. Apesar de eventos climáticos adversos, principalmente na região sul do Estado, que impactaram negativamente as lavouras, a produção se mostra expressiva.
Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), destaca a significativa recuperação da produção, que supera expectativas diante das perdas registradas no ciclo anterior. Ele menciona áreas com altíssima produtividade, embora a média estadual tenha ficado em 54,4 sacas por hectare devido aos problemas climáticos no sul do estado. Uma revisão final dos dados poderá elevar ainda mais o número projetado.
Regiões como Ponta Porã e Laguna Carapã foram particularmente afetadas pelo estresse hídrico, com perdas superiores a 70% em algumas áreas. O Boletim Casa Rural da Famasul destaca que 2,33 milhões de hectares, ou 52% da área total plantada, sofreram os efeitos da seca, principalmente nas lavouras plantadas entre setembro e meados de outubro de 2024. A falta de chuvas entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, período crucial para o enchimento dos grãos, agravou a situação.
A colheita, finalizada em 16 de maio, se estendeu por duas semanas a mais em comparação à safra anterior. O Boletim Casa Rural informa que os dados definitivos serão divulgados em breve, após a consolidação das informações pelo Siga MS, que visa amostrar pelo menos 30% da área total.
Apesar da redução no valor das exportações de soja em 25,7% no primeiro quadrimestre de 2025 (US$ 2,46 bilhões, crescimento de 6,3% sobre o mesmo período de 2024), o secretário Verruck prevê um recorde no volume exportado devido à demanda chinesa, impulsionada por ajustes tarifários impostos pelos EUA. Esse cenário positivo contribui significativamente para a arrecadação do Estado e o crescimento da indústria.
Em relação à segunda safra de milho, a Aprosoja-MS estima um crescimento de 0,1% em relação à safra anterior, com uma área plantada de 2,103 milhões de hectares. Espera-se uma produtividade média de 80,8 sacas por hectare, resultando em uma produção total de 10,199 milhões de toneladas, um aumento de 20,6%. Enquanto as regiões norte e oeste apresentam boas condições, o centro-sul preocupa, devido à escassez de chuvas. A chegada de uma massa de ar polar entre 27 de maio e 5 de junho acende alerta para os agricultores, apesar das expectativas de impactos não severos à cultura.